A Babel do Gabriel
Luh Raupp
Uma vez era o Gabriel, um menino serelepe.
Aprontava, aprontava
A profe nem xingava!
E quem poderia ?
Aqueles olhos azuis a brilhar
Feito os da Oma Maria...
Aquele jeito de com as mãos falar
Igualzinho ao Nono Giuseppe.
Gabriel era todo charmoso
Com as palavras, muito habilidoso.
Dizem que tirava as suas ideias mirabolantes
De livros e livros que tinha nas estantes.
Ganhava-os de presente da Sarah e do Samuel, seus dindos,
Aqueles que o levavam à sinagoga aos domingos.
Gabriel era muito inventivo,
Nem precisava de incentivo!
Só não sabia como iria usar
Duas camisetas que acabara de ganhar:
Uma do Grêmio e outra do Internacional.
Encontrou-se em um dilema existencial.
Correu e acendeu uma vela para o Negrinho do Pastoreio:
Que ajudasse a encontrar a solução perdida sem receio!
Foi com a Dinda buscar ajuda no terreiro,
Santos e entidades a dar o palpite certeiro.
Embalado pelos tambores teve uma ideia genial
Uma grande festa era essencial.
A família em dia de festa se encontrou
Polca, samba, vanerão: todo ritmo se escutou.
Sashimi com chimarrão, churrasco com angu,
Quindim, ambrosia, grôstoli, sagu,
Tudo para esperar o momento da grande revelação:
O time que de Gabriel conquistou o coração.
Por uns instantes o menino sumiu.
A maior surpresa foi o que surgiu:
Metade alvi-rubra, metade tricolor azul anil
A camisa trazia no centro a bandeira do Brasil.
O Intergremionacional estava criado
Por um guri pra lá de levado.
Na Babel do Gabriel não existia a palavra divisão.
Não sabia o que era chimango nem maragato;
Orgulho, para ele, era algo muito abstrato.
Mas quando o 20 de setembro chegava,
Em botas e bombacha se aprumava,
Encilhando seu imaginário cavalo Alazão.
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