O namorado da joaninha
Luh Raupp
Uma borboleta sabor leite,
Um cachorro sabor baunilha,
Um gato só para enfeite,
Um ninho de sabiás na forquilha:
Esse era o zoológico do João
- seus bichinhos do jardim!
Tinha também um leão
Feito de barro e capim!
Um dia, uma joaninha – que surpresa!
Vermelhinha, pingada de preto nas asinhas.
Um bichinho pequenino sabor framboesa
Pousou nas folhagens verdinhas.
“ - Que bicho é esse?” – o menino perguntou.
Nunca vira coisa tão bonita e curiosa.
“- Joaninha” - a mamãe ao menino apresentou.
O bichinho perdia-se nas pétalas de uma rosa.
Na palma da mão esquerda do João
O bichinho passeou, fez cocegazinha.
Caminho direto para o coração:
Ela era sua namoradinha.
“- Posso me casar com ela?”
Foi o que o guri perguntou.
A mãe deu uma risada amarela.
Meio sem jeito, logo falou:
“- Gente com gente se casa;
Joaninha não se casa não.
Já viu menino com asa?
Já viu joaninha no salão?”
João nem se importou: estava apaixonado.
Tão quietinha, tão delicada, tão indefesa:
Faz-de-conta que era seu príncipe-namorado,
Faz-de-conta que ela era uma encantada princesa.
A mãe não sabia
Da bruxa malvada,
Da negra magia
Que atingiu sua amada.
Uma bruxa muito malvada
Transformou a princesa em joaninha
Ela precisava ser beijada
Para ser sua namoradinha.
João seus lábios aproximou
Do frágil animalzinho.
A joaninha com paixão beijou,
Bateu forte seu coraçãozinho.
Eis que a coisa mais maravilhosa aconteceu:
Do outro lado do muro alguém apareceu.
“-Olá, eu sou a Joana, sua nova vizinha!”
Será ela a sua princezinha?
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